Tomografia: o que é, quando é indicada e como funciona?

O que é a tomografia?

A tomografia computadorizada é um método de diagnóstico que utiliza imagens reconstruídas por meio de um computador, a partir da emissão de vários feixes de raio X por um tubo, que gira em torno do paciente de forma contínua.

De acordo com o radiologista Gustavo Meirelles, as imagens da tomografia computadorizada têm muito mais detalhes do que a da radiografia tradicional e permitem reconstruções em diferentes planos, além de aquisições milimétricas de imagens do corpo humano.

Esse tipo de exame não é invasivo, ou seja, não provoca dor. Além disso, a análise pode ser feita em qualquer parte do corpo como abdômen, tórax, crânio e ossos.

Outros nomes: Tomografia Computadorizada

História da tomografia

Segundo a neurologista Alyne Mendonça, a história da tomografia computadorizada tem início no ano de 1961, através das primeiras experiências do médico neurologista norte-americano William Henry Oldendorf frustradas pela ausência de um suporte matemático teórico que permitisse o processamento das imagens adquiridas.

No período entre 1963 e 1964, Allan MacLeod Cormack, um físico sul-africano naturalizado norte-americano, constituiu o método matemático necessário para reproduzir essas imagens. A partir dos princípios definidos por Oldenford e Cormarck, Godfrey Newbold Hounsfield desenvolveu uma forma de reconstruir imagens a partir dos raios X por meio da tomografia axial computadorizada.

No Brasil, o primeiro tomógrafo computadorizado foi instalado no Hospital Beneficência Portuguesa, na cidade de São Paulo. A primeira avaliação realizada através de um tomógrafo foi em uma mulher de 41 anos com um tumor do lobo frontal esquerdo no dia 1° de outubro de 1971.

Tipos de tomografia

O método tomográfico de detecção de imagens pode ser elencado em mais de 40 variações diagnósticas a fim de analisar inúmeras estruturas corporais, além de poder ser utilizado como suporte durante diversos procedimentos invasivos. Rotineiramente, pode-se realizar a tomografia com ou sem contraste com foco em áreas específicas do corpo.

Quando a primeira tomografia computadorizada foi criada, a imagem demorava muito para ser gerada. Esse tipo ainda hoje é conhecido como convencional e nele cada vez que o tubo gira é feito uma imagem do paciente. Como o passar dos anos, especialistas criaram a tomografia helicoidal (espiral), que lembra muito a espiral de um caderno, na qual o paciente passa no túnel, o tubo gira e adquire as imagens de forma helicoidal.

“Atualmente, os tipos mais utilizado são as tomografias helicoidal multislice, ou seja, de múltiplos cortes, como se fossem várias espirais girando ao mesmo tempo. Em cada rotação do tubo podem ser adquiridas centenas de imagens”, indica Gustavo Meirelles.

Para que serve a tomografia?

  • O exame de tomografia pode ser feito em diversas partes do corpo e com finalidades diagnósticas muito diferentes. O médico pode recomendar uma tomografia computadorizada para ajudar a:
  • Diagnosticar distúrbios musculares e ósseos, como tumores ósseos e fraturas Identificar a localização de um tumor, infecção ou coágulo sanguíneo;
  • Orientar procedimentos como cirurgia, biópsia e radioterapia;
  • Detectar e monitorar doenças e condições como câncer, doenças cardíacas, nódulos pulmonares e massas hepáticas;
  • Monitorar a eficácia de certos tratamentos, como o tratamento do câncer;
  • Detectar ferimentos internos e sangramento interno.

Como é feita a tomografia?

O exame de tomografia é feito por um técnico de radiologia e depois analisado por um médico. Antes de fazer o procedimento, o paciente deve responder um questionário ou fazer uma entrevista médica.

Ao entrar na sala da tomografia computadorizada, primeiramente é feito um raio-x do local onde as imagens são adquiridas e então são escolhidos os planos de corte ? onde começa e termina a aquisição de imagens.

“Depois disso o paciente deita na mesa, que passa dentro do túnel que adquire as imagens. O paciente pode receber instruções específicas, como encher o peito de ar e segurar”, revela Gustavo Meirelles.

A duração do exame varia de acordo com a área estudada, a idade do paciente, a capacidade de se manter imóvel durante o exame e o equipamento utilizado. Contudo, o tempo varia entre 30 e 50 minutos.

Quando a tomografia é indicada?

A tomografia computadorizada tem inúmeras indicações clínicas, sendo que as principais são para:

Sistema corporal

Condições

Cérebro e medula espinhal

Defeitos congênitos; Hemorragia cerebral; Abscessos cerebrais; Tumores cerebrais; Hidrocefalia; Ruptura ou hérnia de disco; Fraturas da coluna vertebral; Derrame (isquêmico).

Trato digestivo

Apendicite; Bloqueios no intestino; Diverticulite; Pancreatite; Tumores.

Olhos

Objeto estranho no olho; Infecções no globo ocular e infecções em volta da cavidade ocular (órbita); Tumores da cavidade ocular (órbita) ou do nervo óptico.

Coração e vasos sanguíneos

Aneurisma da aorta; Dissecção aórtica.

Rins e trato urinário

Hemorragia nos rins ou em volta dos rins; Pedras nos rins ou no trato urinário; Tumores nos rins ou em volta dos rins.

Fígado

Esteatose hepática (excesso de gordura no fígado); Tumores hepáticos.

Pulmões

Bronquiectasia (dilatação das vias aéreas); Enfisema; Tumor pulmonar; Pneumonia; Embolia pulmonar.

Músculos e ossos

Fraturas e outros problemas com ossos e tecidos moles.

Contraindicações para tomografia

A tomografia é contraindicada para pessoas que não podem ser expostas à radiação. Segundo o chefe de radiologia Gustavo Meirelles, existe uma contraindicação clássica que é para gestantes, principalmente na fase inicial da gravidez, porque a radiação pode ter efeitos maléficos sobre o feto. Em fases mais avançadas, pode ser realizado o exame de tomografia desde que o abdômen da gestante seja coberto com uma manta à base de chumbo, evitando que a radiação tenha contato com o bebê.

Qual o preparo do paciente para fazer uma tomografia?

De acordo com Alyne Mendonça, de forma geral, antes de fazer a tomografia deve-se realizar jejum conforme a orientação do médico assistente, podendo ser de quatro a seis horas para que o contraste seja melhor absorvido.

Além disso, o uso da medicação hipoglicemiante metformina deve ser suspenso 24 horas antes da realização do exame, uma vez dada a potencial reação com o contraste iodado.

O contraste é necessário em algumas tomografias para ajudar a destacar as áreas do corpo que estão sendo examinadas. O material de contraste bloqueia os raios X e aparece branco nas imagens, o que pode ajudar a enfatizar vasos sanguíneos, intestinos ou outras estruturas. O contraste pode ser administrado:

Via oral: se o esôfago ou estômago estiver sendo escaneado, pode ser necessário engolir um líquido que contenha material de contraste. Esta bebida pode ter um gosto desagradável

Por injeção: os agentes de contraste podem ser injetados através de uma veia do braço para ajudar a vesícula biliar, o trato urinário, o fígado ou os vasos sanguíneos a sobressair nas imagens. Sensações de calor durante a injeção ou gosto metálico na boca são comuns
Por enema: um material de contraste pode ser inserido no reto para ajudar a visualizar os intestinos. Este procedimento pode provocar inchaço e desconforto

Recomendações pós-exame

Após o exame, é possível retornar normalmente à rotina. Caso tenha recebido material de contraste, é recomendável beber bastante líquido para ajudar os rins a remover o material do corpo. Em alguns casos, pode ser solicitado também que aguarde um curto período de tempo antes de sair do laboratório para garantir que se sinta bem após o exame.

Possíveis complicações/riscos

Os benefícios do diagnóstico da tomografia superam significativamente os riscos. As tomografias podem diagnosticar condições possivelmente ameaçadoras à vida.

No entanto, a tomografia produz radiação ionizante (uma forma de radiação que tem o potencial de prejudicar o tecido vivo). Este é um risco que é aumentado com o número de exposições somadas ao longo da vida do indivíduo. No entanto, o risco de desenvolver câncer a partir da exposição à radiação é geralmente pequeno.

Em algumas pessoas, o contraste pode causar efeitos colaterais como:

  • Alergia
  • Sensação de calor ou rubor
  • Gosto metálico
  • Tontura
  • Náusea
  • Urticária.

O que significa o resultado do exame?

Os resultados da tomografia computadorizada são considerados normais se o radiologista ou o médico não encontrar tumores, coágulos sanguíneos, fraturas ou outras anormalidades nas imagens. Se alguma anormalidade for detectada durante a tomografia computadorizada, testes ou tratamentos podem ser necessários, dependendo do tipo de anormalidade encontrada.

“Os resultados são apresentados em tons de cinza, preto e branco, a depender da densidade da estrutura em questão. Os tecidos bem densos, como os ossos, aparecem como as áreas brancas; gordura e o ar apresentam-se em tons escuros de cinza ou são pretos; os tecidos moles e os fluidos, incluindo o sangue, também apresentam-se em tons variados de cinza e a captação de contraste, geralmente, demonstra-se em áreas em tons de branco brilhante”, indica Alyne Mendonça.

Quanto custa um exame de tomografia?

O preço varia muito de acordo com o local do corpo onde é realizado e com a quantidade de detalhes e informação que se deseja com o exame, podendo variar de 90 a mais de 400 reais.

Diferença entre tomografia, raio X e ressonância magnética

A tomografia e o raio X são exames que utilizam radiação ionizante. Podemos dizer que a tomografia computadorizada é uma versão mais sofisticada do exame de raio X comum. A emissão do feixe é a mesma, em ambos os casos são emitidos raios X, mas na tomografia existe um processo computacional que faz a imagem adquirir três dimensões, resultando em imagens com resolução e quantidade de detalhes muito melhores.

A ressonância magnética é completamente diferente, pois não usa radiação ionizante. É um exame que se baseia na ressonância magnética de átomos de hidrogênio para realizar a imagem. Por não ter radiação ionizante, pode ser utilizada em mulheres grávidas, inclusive para a análise de bebês.

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